terça-feira, janeiro 30, 2007

A PALAVRA POÉTICA QUE NOS SUSTENTA

Nos dias que correm é o vazio que faz todo o sentido. O discurso mais comum é um lugar oco, em que se soltam palavras sem sentido. Já ninguém pára um só centésimo de segundo para pensar. Este é o tempo em prevalece o comércio do usar e deitar fora, da ligeireza do viver e do "pensar", dos interesses que ficam pelo imediatismo sem futuro.
Cada vez mais me convenço que esta a mediocridade veio para ficar.

E isto, penso eu, é só o resultado mais cru do tempo que vivemos. Tenho para mim a impressão de que vamos ficando cada vez mais sós, sem ninguém, ninguém, que nos sustente.

Ao menos, vamos agarrar, até à exaustão, a palavra poética. E esta, sim, é redentora, quebra grilhetas, é vida, é liberdade, às vezes silêncio, outras um grito que é imperioso soltar.

Palavra poética que se agarra ao corpo, que se apega à alma, que vem de Sophia, de Virgílio, Borges, Amado, Torga ou Unamuno (R. Guerra), mas é também Wilde, Pessoa, Miles ou Coltrane, e Eugénio e Drummond ...

A palavra poética, destes e de tantos outros, é a mais humana de todas as obras.
Valha-nos isso.

2 comentários:

Rui Guerra disse...

curiosa referência...
a palavra perene desses e tantos outros ajuda-nos, alicerça-nos ao sonho, à vida.
fica no entanto, a sensação de vazio, de que tudo são apenas citações, compreensões pessoais e filosofia individualizada, do género comercial que referes.
se calhar, passa por não compreender os contemporâneos (mesmo, mesmo, mesmo actuais), os pós-modernos e outros assim.

Fugu disse...

Ainda não conheço nada melhor para alimentar a subjetividade do que doses generosas de poesia.
Descobri os poetas portugueses contemporâneos há menos de três anos. Estou até hoje fascinada com Eugénio de Andrade e Alexande O'Neill.