E é deste modo que isto tudo fica mais insuportável. Até sempre Gustavo!!!
Hoje ao fim da noite recebi esta mensagem no telemóvel: "Más notícias o Gustavo faleceu hoje". Não queria acreditar!
Amigo de longa data, desde os tempos de liceu, dos momentos passados nos saraus, em que o Gustavo, com a sua guitarra sempre foi uma figura incontornável para todos os da minha geração. Dele recoradamos a sua mestria na guitarra clássica, no jazz e no blues. A sua pose de guitarrista de baladas, corpo imenso, cabelo longo e voz calma. Dele recordo ainda o momento em nos encontramos no início dos anos 80, em plena ponte de Santa Clara em Coimbra, a caminho do quartel onde ambos fizemos a figura rídicula mas obrigatória à época, de mancebos na inspecção militar. Ele, de pasta carregada de livros de Sartre, Camus, e outros existencialistas, para discutir, como dizia, os argumentos da sua objecção de consciência para se safar à tropa.
Como músico, passados estes anos, tinha uma já vasta experiência a nível de espectáculos e performances artísticas. Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Braga e possuíndo o Mestrado em Ciências Musicais pela Faculdade de Letras de Coimbra, actualmente leccionava na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto e concluía a tese de Doutoramento sobre o tema “Da ontestética à análise musical da obra para guitarra de Heitor Villa-Lobos”, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Na carreira profissional de Gustavo Brandão destaca-se em 1995 a gravação de um CD em que o guitarrista e a pianista Nelly Santos Leite interpretam não só obras da sua própria autoria, mas também alguns temas compostos por Heitor Villa-Lobos e Castelnuevo Tedesco. Mais recentemente, e como executante de guitarra eléctrica, Gustavo Brandão participou como solista da Orquestra Nacional do Porto na estreia da obra “Abertura Festiva”, que António Victorino d’Almeida criou especificamente para a inauguração da Casa da Música, no Porto.
Na última vez que o encontrei, no jantar de tributo à pianista e professora Nelly Santos Leite, falou-me com entusiasmo do seu novo projecto em parceria com Pedro Madaleno, no jazz e com Paulo Barros, intitulado Gui3arra, um projecto que congregava o jazz, o rock e a música clássica.
Já tinha confirmado um concerto no dia 21 de Maio do corrente ano pelas 21:30 no Auditório dos Paços da Cultura em S. João da Madeira, inserido no Festival de Guitarra.
A má notícia aconteceu inesperada e terrível hoje ao início da noite.
Sem mais mando-te um abraço amigo e digo-te: Isto assim fica mesmo mais insuportável de aguentar.
Até sempre Gustavo. A tua música fica para sempre na memória de todos nós, caro amigo.
12 comentários:
Uma tristeza enorme inundou a minha alma quando soube. Passei a tarde a dar aulas e dei por mim constantemente a recordar os momentos, e foram muitos, sempre ricos em partilha e em amizade, que passei na companhia do Gustavo.
Com saudade, um até sempre!
Aquele abraço, Gustavo, onde quer que estejas...
Para recordar um professor e amigo!
http://www.youtube.com/watch?v=_-TNuA69g1Y
Até sempre professor Gustavo!
As particularidades do Gustavo estão bem presentes neste post.
Das últimas vezes que o encontrei foi em contexto de Academia de Música, em SJM na homenagem promovida por esta instituição ao Dr. Renato Figueiredo e uns meses mais tarde, já em Fevereiro em Santa Maria da Feira. Se da primeira vez, apreciei o seu virtuosismo no dueto com Nelly Santos Leite num dos andamentos do concerto de Aranjuez de Rodrigo, desta última tive a oportunidade de constatar a sua simplicidade e simpatia, ao assistir divertido ao concerto de Carnaval, promovido pela Academia local.
A sua presença na assistência não passou despercebida aos restantes agentes do meio musical, que ao cumprimentá-lo não deixavam de expressar a sua surpresa por vê-lo ali, a presenciar as palhaçadas promovidas no espectáculo por alguns professores da referida Academia. A todos, eles respondia com elogios aos colegas, professores e músicos, tal como ele.
A nossa afinidade surgiu pelo jogo de xadrez. Dessas últimas vezes que nos cruzamos, Gustavo contava as suas peripécias, nas suas tardes jogando xadrez, num “clube” formado por ele e uns amigos na Praia da Aguda, convidando-me constantemente para por lá aparecer.
Aliás, recebi vários convites seus para assistir aos concertos da sua banda de blues, género que não aprecio diga-se, nunca podendo assistir a nenhum, por coincidência de agenda.
Preparava-me para assistir ao seu novo projecto, mencionado no post… fica essa lacuna.
O Gustavo foi das pessoas que conheci, que sempre sorriu quando me cumprimentou, sempre me tratou de igual forma, apesar da diferença de idade e de opiniões. Nos primeiros anos que comecei a sair à rua à noite, chavalo portanto, sempre falei com ele, sentindo da sua parte abertura suficiente para me aturar.
Este vazio fica a mais.
Quando me lembro do Gustavo recordo de imediato do seu sorriso, sorriso esse com que me cumprimentava sempre que me encontrava. Lembro-me tão bem das suas gargalhadas, bastante sonoras!
É esta sonoridade que quero e vou guardar dele.
Até sempre!
Fiquei tristemente surpreendida quando soube da sua morte! Acredito que quem beneficiou com a sua partida foi Ele, que agora tem a seu lado um professor estraordináriamente alegre, bem disposto e apaixonado pela música. Eu guardo na minha memória as aulas de música que tive, e a sua imagem com a guitarra nas mãos a tocar com verdadeira paixão. Um até sempre... Helena
Quis a noite levar-te, num sopro quieto, enganador.
Lamentavelmente para todos nós! Fica a grandiosa força das tuas gargalhadas amigas, para sempre!...
Há dias que não deviam de existir, o de ontem é um deles.
O Gustavo Brandão, além de amigo, foi como um padrinho musical para mim. A ele devo o início do meu gosto e dedicação pela guitarra e música clássicas.
Dos muitos e bons momentos vividos, recordo com imenso prazer, além dos vários anos na Academia de Música de SJM, as aulas particulares que me deu depois, a mim e ao Sérgio, na sua casa, no Furadouro. Aí, além da guitarra, aprendia música nas suas várias vertentes e disciplinas. Saudades das nossas discussões intermináveis - algumas picardias até (mea culpa, mea culpa) - , os almoços carregados de cebola e alho que ele nos preparava, as aulas teóricas na praia, e muitas outras originalidades, de que só um professor como o Gustavo era capaz.
Invulgar, criativo, talentoso, determinado e inteligente eram alguns dos atributos que faziam do Gustavo uma pessoa especial.
Por razões de vida, há muito tempo que não convivia com o Gustavo e sentia saudades de o encontrar.
Quero acreditar que um dia terei a oportunidade de matar essas saudades, seja onde e como for. Só mais umas aulas daquelas, professor.
Albert Camus a dit: "Je ne connais qu'un devoir : c'est celui d'aimer." Le vôtre était la musique... et ce sera dans la musique que je me rappellerai de vous...
Reposez en paix
Até sempre amigo!
Obrigada professor.
Ainda hoje em dia não consigo perceber como, se Ele existe, te escolheu para ires agora!!
De tanto mal que existe no mundo, Ele n tem pena nem mesericórdia por aqueles que só de bom, humano trazem ao este Mundo cada vez mais sufucante e insuportável!!
Temos de viver...respondias tu certamente!!
Esta é a minha tristeza profunda...q n cura...nem q desaparece nunca!!
Mas saber que quem deixaste.. e n so a tua a familia.. mas amigos e colegas, todos aprenderam alguma coisa contigo, e lembram-se sempre de ti n so cm um ser humano mais verdadeiro e invulgar, mas como um professor para a "vida".
Tenho pena de não ter aprendido mais ctg.. é o meu lamento sp q me lembro das inúmeras vezes q me tentaste proteger, mas sempre com uma lição moral a retirar de tudo.
Cada vez tenho mais saudades desse conselhos!!
Onde quer que estejas, para mim serás sempre meu PAI, e enquanto tiver aqui, farei tudo pa ser um pai tao bom cm tu!!
Até um dia Gustuvão RIP
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