INSTANTES

FIM DE TARDE DE MAIO JUNTO AO DOURO

Naquele sereno fim de tarde, sem vento, e a luz de maio da hora nova. O céu num azul esbatido de branco e com uns laivos rosa do sol que já fugia no horizonte. O douro de uma côr verde quase cinza, quase parado, fantástico como num filme. As luzes trémulas do casario a começar a picar a paisagem da ribeira e os carros, já poucos, iam deixando um rasto de luz que pintava a estrada gasta junto à ponte.

Nós seguíamos em silêncio lado a lado e sem destino definido. Foi quando, na outra margem, o teu passo desatento toldou o teu equilibrio e, num acto, naquele instante, não mais que num milésimo de segundo, estendeste o braço esquerdo e agarramos juntos as nossas mãos.

Até hoje...