quinta-feira, janeiro 11, 2007


Só depois de ter saído das salas de cinema pude, através da edição em DVD, ver o magnífico "VOLVER", o último filme de Almodóvar. O cineasta manchego está cada vez melhor. E, se já nos tinha surpreendido com "Mulher à Beira de Um Ataque de Nervos", "Habla con Ella" e "Má Educação", Almodóvar, depois de, neste último, ter feito uma incursão no espaço denso, fechado e masculino, "Volver" é sobretudo um filme de mulheres.
Nos tempos que correm, Almodóvar é seguramente o melhor realizador a retratar o universo feminino. Trata-se de um filme em que pairam interpretações fulgurantes de mulheres fantásticas. As "chicas de Almodóvar", retradadas ao longo dos tempos pelo realizador, são, acima de tudo, comoventes. O que dizer da soberba interpretação de Penélope Cruz (Raimunda) logo nos momentos iniciais do filme, quando vem à aldeia e, de um fôlego, passa de um estado de espírito esfuziante de alegria para uma sentida angústia e ansiedade ?
Este é só um exemplo, porque pela história passam outras mulheres e actrizes fantásticas, desde Carmen Maura (um retorno muito saudado ao mundo do realizador) a Lola Duenas.
"Volver" é o retrato de três gerações de mulheres, da Espanha dos nossos dias. É uma Espanha garrida e viva, mas também branca e carregada de sol e vento. Vento e fogo são aliás os elementos-chave da história. Através deles, ou por eles, passa a loucura, a suprestição, a morte, mas também a vida concreta, a vitalidade daquelas mulheres e a ... morte.
Da vitalidade de Raimunda, mulher casada e com uma filha, Yohana Cobo, até à serenidade de Sole, sua irmã, Lola Duenas, que ganha a vida a fazer de cabeleireira em casa, à "ressuscitada" mãe das duas, Carmen Maura... e depois há a vizinha Agustina, soberba Blanca Portillo. O filme de Almodóvar, filmado na sua região da Mancha, é uma comédia (??!) de costumes, surrealista, em que os vivos convivem com os mortos, provocando momentos hilariantes e comoventes ao mesmo tempo. Como o próprio realizador já referiu, na sua região manchega, terra branca, extensa e ventosa, a cultura da morte faz com que os mortos afinal nunca morram. A primeira sequência do filme no cemitério da aldeia é espantosa, em ritmo, cor, alegria ...
"Volver" é um filme que vale a pena ver e rever. E guardar.
E depois há também a fotografia de José Luis Alcaine e a música do habitual Alberto Iglésias. Se os filmes de medem pelos prémios que recebem, sobretudo os Óscares, é da mais elementar justiça que o prémio para a melhor interpretação feminina vá directinho para a Penélope Cruz. E, por falar em galardões, convém recordar que até à data, "Volver" já vai em 14 nomeações para os GOYA, foi nomeado para os GLOBOS de OURO, incluindo o melhor filme estrangeiro e melhor actriz, já encaixou 5 PRÉMIOS DO CINEMA EUROPEU, dos 6 possíveis, entre os quais o de melhor realizador, melhor banda sonora, melhor fotografia, melhor actriz e o People's Choice Award para o melhor filme europeu, prémio do público, de 2006. VIVA ALMODÓVAR.

1 comentário:

Anónimo disse...

ViVa!!!
Mt BoM!