terça-feira, janeiro 16, 2007


LOVE SUPREME
ALICE COLTRANE ( 1937-2007 ) MICHAEL BRECKER (1949-2007 )

Começa triste, muito triste, o ano de 2007. Essencialmente para a música, que, no espaço de escassas 48 horas, vê ocorrer o desaparecimento (físico, táctil) de dois grandes nomes. Fica, para a eternidade de cada um de nós, UM imenso legado.
Triste é também a coincidência de o deparecimento de Alice Coltrane e Michael Brecker entroncar umbilicalmente nesse imenso nome maior do beebop que foi ( É ) John Coltrane.
Do lado de Brecker, saxofonista que por mais de uma vez passeou o seu talento por terras lusas, é grande a influência do mestre desde os seus tempos de liceu em Filadélfia. Agora que a terrível e cruel leucemia o levou, importa realçar o sax de Michael Brecker no conceito sempre alargado, abrangente e fascinante da fuzão do jazz com o rock. Capaz de rasgos clássicos à Coltrane, conceito aliás preponderante na sua vasta obra, Brecker aliou a sua mestria de saxofonista a músicos tão diferenciados, como Quincy Jones, B. Sprinsteen, F. Zappa ou F. Sinatra, tendo grande impacto a sua digressão com Paul Simon no início da década passada. Vencedor de 11 prémios Grammy, deixou-nos um legado importante no jazz mais actual, realçando-se o seu último trabalho "Wild Angels" (Verve Records) em que gravou com uma big band, chamada "Quindectet".

A triste coincidência ao legado Coltrane ganha mais sentido pelo desaparecimento de Alice Coltrane.
Alice, casada que foi com o lendário J. Coltrane, morreu no último 14 de Janeiro, vítima de problemas respiratórios da sua já débil saúde. Herdeira de família de músicos, começa como pianista numa banda de gospel, ficou definitivamente ligada ao jazz a partir do seu casamento com J. Coltrane. Tendo tocado com nomes como o guitarrista Kenny Burrel ou o saxofonista Pharoah Sanders, entre outros, ingressara definitivamente no mundo do jazz a partir da sua inserção no "Coltrane Quartet" onde foi substituir o pianista Macoy Tyner. Alice foi precurssora da inclusão da harpa no universo jazístico, realçando aqui, sobretudo, esse fantástico disco que gravara para a "Impulse" com o seu tributo ao "Love Supreme". Últimamente convertida ao Hinduísmo, do qual se tornou líder espiritual, continuou a gravar e a tocar juntamente com o seu filho, o saxofonista Ravi Coltrane, ingressando numa versão jazz mais new age.

Pra nós, mais tristes, mais pobres e mais sós fica a memória ... a memória eterna da música SUPREMA.

1 comentário:

Anónimo disse...

partem as pessoas, fica a obra.